A moreninha - Cap. 2 Fabrício em apuros

 A moreninha

2. Fabrício em Apuros

A cena que se passou teve lugar numa segunda-feira. Já lá se foram quatro dias, hoje é sexta-feira, amanhã será sábado, não um sábado como outro qualquer, mas um sábado véspera de Sant’Ana.

São dez horas da noite. Os sinos tocaram a recolher. Augusto está só, sentado junto de sua mesa, tendo diante de seus olhos seis ou sete livros e papéis, pena se toda essa série de coisas que compõem a mobília do estudante.

É inútil descrever o quarto de um estudante. Aí nada se encontra de novo. Ao muito acharão uma estante, onde ele guarda os seus livros, um cabide, onde pendura a casaca, o moringue, o castiçal, a cama, uma, até duas canastras de roupa, o chapéu, a bengala e a bacia; a mesa onde escreve e que só apresenta de recomendável a gaveta, cheia de papéis, de cartas de família, de flores e fitinhas misteriosas, é pouco mais ou menos assim o quarto de Augusto.

Agora ele está só. Às sete horas, desse quarto saíram três amigos: Filipe, Leopoldo e Fabrício. Trataram da viagem para a ilha de... no dia seguinte retiraram-se descontentes, porque Augusto não se quis convencer de que deveria dar um ponto na Clínica para ir com eles ao amanhecer. Augusto tinha respondido: Ora vivam! bem basta que eu faça gazeta na aula de partos; não vou senão às dez horas do dia.

E, pois, despediram-se amuados. Fabrício queria ainda demorar-se e mesmo ficar com Augusto, mas Leopoldo e Filipe o levaram consigo, à força. Fabrício fez-se acompanhar do moleque que servia Augusto, porque, dizia ele, tinha um papel de importância a mandar.

Eram dez horas da noite, e nada do moleque.  Augusto via-se atormentado pela fome, e Rafael, o seu querido moleque, não aparecia... O bom Rafael, que era ao mesmo tempo o seu cozinheiro, limpa-botas, cabeleireiro, moço de recados e... e tudo mais que as urgências mandavam que ele fosse.

Com justa razão, portanto, estava cuidadoso Augusto, que de momento a momento exclamava:

- Vejam isto!... já tocou a recolher e Rafael está ainda na rua!! Se cai nas unhas de algum beleguim, não é, decerto, o Sr. Fabrício quem há de pagar as despesas da Casa de Correção... Pobre do Rafael! que cavaco não dará quando lhe raparem os cabelos!

Mas neste momento ouviu-se tropel na escada... Era Rafael, que trazia uma carta de Fabrício, e que foi aprontar o chá, enquanto Augusto lia a carta. Ei-la aqui:

“Augusto. Demorei o Rafael, porque era longo o que tenho de escrever-te. Melhor seria que eu te falasse, porém, bem viste as impertinências de Filipe e Leopoldo. Felizmente, acabam de deixar-me. Que macistas!... Principio por dizer-te que te vou pedir um favor, do qual dependerá o meu prazer e sossego na ilha de... Conto com a tua amizade, tanto mais que foram os teus princípios que me levaram aos apuros em que ora me vejo. Eis o caso.

“Tu sabes, Augusto, que, concordando com algumas de tuas opiniões a respeito de amor, sempre entendi que uma namorada é traste tão essencial ao estudante como o chapéu com que se cobre ou o livro em que estuda. Concordei mesmo algumas vezes em dar batalha a dois e três castelos a um tempo; porém tu não ignoras que a semelhante respeito estamos discordes no mais: tu és ultrarromântico e eu ultraclássico. O meu sistema era este:

“1º. Não namorar moça de sobrado. Daqui tirava eu dois proveitos, a saber: não pagava o moleque para me levar recados e dava sossegadamente, e à mercê das trevas, meus beijos por entre os postigos das janelas.

“2º. Não requestar moça endinheirada. Assim eu não ia ao teatro para vê-la, nem aos bailes para com ela dançar, e poupava os meus cobres.

“3º. Fingir ciúmes e ficar mal com a namorada em tempo de festas e barracas no Campo. E por tal modo livrava-me de pagar doces, festas e outras impertinências.

“Estas eram as bases fundamentais do meu sistema.

“Ora, tu te lembrarás que bradavas contra o meu proceder, como indigno da minha categoria de estudante; e, apesar de me ajudares a comer saborosas empadas, quitutes apimentados e finos doces, com que as belas pagavam por vezes minha assiduidade amantética, tu exclamavas:

- Fabrício! não convém tais amores ao jovem de letras e de espírito. O estudante deve considerar o amor como um excitante que desperte e ateie as faculdades de sua alma: pode mesmo amar uma moça feia e estúpida, contanto que sua imaginação lha represente bela e espirituosa. Em amor a imaginação é tudo: é ardendo em chamas, é elevado nas asas de seus delírios que o mancebo se faz poeta por amor.

“Eu então te respondia:

“- Mas quando as chamas se apagam, e as asas dos delírios se desfazem, o poeta por amor não tem, como eu, nem quitutes nem empadas.

“E tu me tornavas:

“- É porque ainda não experimentaste o que nos prepara o que se chama amor platônico, paixão romântica! Ainda não sentiste como é belo derramar-se a alma toda inteira de um jovem na carta abrasadora que escreve à sua adorada e receber em troca uma alma de moça, derramada toda inteira em suas letras, que tantas mil vezes se beija.

“Ora, esses derramamentos de alma bastante me assustavam, porque eu me lembro que em patologia se trata mui seriamente dos derramamentos.

“Mas tu prosseguias:

“- E depois, como é sublime deitar-se o estudante no solitário leito e ver-se acompanhado pela imagem da bela que lhe vela no pensamento, ou despertar ao momento de ver-se em sonhos sorvendo-lhe nos lábios voluptuosos beijos!

“Ainda estes argumentos me não convenciam suficientemente, porque eu pensava: 1º. que essa imagem que vela no pensamento não será a melhor companhia possível para um estudante, principalmente quando ela lhe velasse na véspera de alguma sabatina; 2º. porque eu sempre acho muito mais apreciável sorver os beijos voluptuosos por entre os postigos de uma janela, do que sorvê-los em sonhos e acordar com água na boca. Beijos por beijos antes os reais que os sonhados.

“Além disto no teu sistema nunca se fala em empadas, doces, petiscos, etc.; no meu eles aparecem e tu, apesar de romântico, nunca viraste as costas nem fizeste má cara a esses despojos de minhas batalhas.

“Mas enfim, maldita curiosidade de rapaz!... eu quis experimentar o amor platônico, e dirigindo-me certa noite ao teatro S. Pedro de Alcântara, disse entre mim: esta noite hei de entabular um namoro romântico.

“Entabulei-o, Sr. Augusto de uma figa!... entabulei-o, e quer saber como?... Saí fora do meu elemento e espichei-me completamente. Estou em apuros.

“Eis o caso:

“Nessa noite fui para o superior; eu ia entabular um namoro romântico, e não podia ser de outro modo. Para ser tudo à romântica, consegui entrar antes de todos; fui o primeiro a sentar-me; ainda o lustre monstro não estava aceso; vi-o descer e subir depois, brilhante de luzes; vi se irem enchendo os camarotes; finalmente eu, que tinha estado no vácuo, achei-me no mundo: o teatro estava cheio. Consultei com meus botões como devia principiar e concluí que para portar-me romanticamente deveria namorar alguma moça que estivesse na quarta ordem. Levantei os olhos, vi uma que olhava para o meu lado, e então pensei comigo mesmo: seja aquela!... Não sei se é bonita ou feia, mas que importa? Um romântico não cura dessas futilidades. Tirei, pois, da casaca o meu lenço branco, para fingir que enxugava o suor, abanar-me e enfim fazer todas essas macaquices que eu ainda ignorava que estavam condenadas pelo romantismo. Porém, ó infortúnio!... quando de novo olhei para o camarote, a moça se tinha voltado completamente para a tribuna; tossi, tomei tabaco, assoei-me, espirrei e a pequena... nem caso; parecia que o negócio com ela não era. Começou a ouverture... nada; levantou-se o pano, ela voltou os olhos para a cena, sem olhar para o meu lado. Representou-se o primeiro ato... Tempo perdido. Veio o pano finalmente abaixo.

“- Agora sim, começará o nosso telégrafo a trabalhar, disse eu comigo mesmo, erguendo-me para tornar-me mais saliente.

“Porém, nova desgraça! Mal me tinha levantado, quando a moça ergueu-se por sua vez e retirou-se para dentro do camarote, sem dizer por quê, nem por que não.

“- Isto só pelo diabo!... exclamei eu involuntariamente, batendo com o pé com toda a força.

“- O senhor está doido?! disse-me... gemendo e fazendo uma careta horrível, o meu companheiro da esquerda.

“- Não tenho que lhe dar satisfações, respondi-lhe amuado. “- Tem, sim senhor, retorquiu-me o sujeito, empinando-se. “- Pois que lhe fiz eu, então? acudi, alterando-me.

“- Acaba de pisar-me, com a maior força, no melhor calo do meu pé direito. “- Ó senhor... queira perdoar!...

“ E dando mil desculpas ao homem, saí para fora do teatro, pensando no meu amor. “Confesso que deveria ter notado que a minha paixão começava debaixo de maus auspícios, mas a minha má fortuna ou,  melhor, os teus maus conselhos me empurravam  para diante com força de gigante.

“Sem pensar no que fazia, subi para os camarotes e fui dar comigo no corredor da quarta ordem; passei junto do camarote de minhas atenções: era o n.º 3 (número simbólico, cabalístico e fatal! repara que em tudo segui o romantismo). A porta estava cerrada; fui ao fim do corredor e voltei de novo: um pensamento esquisito e singular acabava de me brilhar na mente, abracei-me com ele.

“Eu tinha visto junto à porta n.º 3 um moleque com todas as aparências de ser belíssimo cravo-da-índia. Ora, lembrava-me que nesse camarote a minha querida era a única que se achava vestida de branco e, pois, eu podia muito bem mandar-lhe um recado pelo qual me fizesse conhecido. E, pois, avancei para o moleque.

“Ah! maldito crioulo... estava-lhe o todo dizendo para o que servia!... Pinta na tua imaginação, Augusto, um crioulinho de 16 anos, todo vestido de branco, com uma cara mais negra e mais lustrosa do que um botim envernizado, tendo dois olhos belos, grandes, vivíssimos e cuja esclerótica era branca como o papel em que te escrevo, com lábios grossos e de nácar, ocultando duas ordens de finos e claros dentes, que fariam inveja a uma baiana; dá-lhe a ligeireza, a inquietação e rapidez de movimento de um macaco e terás feito ideia desse diabo de azeviche, que se chama Tobias.

“Não me foi preciso chamá-lo. Bastou um movimento de olhos para que o Tobias viesse a mim, rindo-se desavergonhadamente. Levei-o para um canto.

“- Tu pertences àquelas senhoras que estão no camarote, a cuja porta te encostavas?... perguntei.

“- Sim, senhor, me respondeu ele, e elas moram na rua de... n.º... ao lado esquerdo de quem vai para cima.

“- E quem são?...

“- São duas filhas de uma senhora viúva, que também aí está, e que se chama a Ilma. Sra. D. Luísa. O meu defunto senhor era negociante e o pai de minha senhora é padre.

“- Como se chama a senhora que está vestida de branco? “- A Sra. D. Joana... tem 17 anos e morre por casar.

“- Quem te disse isso?...

“- Pelos olhos se conhece quem tem lombrigas, meu senhor!... “- Como te chamas?

“- Tobias, escravo de meu senhor, crioulo de qualidades, fiel como um cão e vivo como um gato.

“O maldito do crioulo era um clássico a falar português. Eu continuei. “- Hás de levar um recado à Sra. D. Joana.

“- Pronto, lesto e agudo, respondeu-me o moleque. “- Pois toma sentido.

“- Não precisa dizer duas vezes.

“- Ouve. Das duas uma: ou poderás falar com ela hoje ou só amanhã...

“- Hoje... agora mesmo. Nestas coisas Tobias não cochila: com licença de meu senhor, eu cá sou doutor nisto; meus parceiros me chamam orelha de cesto, pé de coelho e boca de taramela. Vá dizendo o que quiser que em menos de dez minutos minha senhora sabe tudo; o recado de meu senhor é uma carambola que, batendo no meu ouvido, vai logo bater no da senhora D. Joaninha.

“- Pois dize-lhe que o moço que se sentar na última cadeira da 4.ª  coluna  da  superior, que assoar-se com um lenço de seda verde, quando ela para ele olhar, se acha loucamente apaixonado de sua beleza, etc.; etc.; etc.; etc.

“- Sim, senhor, eu já sei o que se diz nessas ocasiões: o discurso fica por minha conta.

“- E amanhã, ao anoitecer, espera-me na porta de tua casa. “- Pronto, lesto e agudo, repetiu de novo o crioulo.

“- Eu recompensar-te-ei, se fores fiel.

“- Mais pronto, mais lesto e mais agudo! “- Por agora toma estes cobres.

“- Ó, meu senhor! prontíssimo, lestíssimo e agudíssimo.

“Ignoro de que meios se serviu o Tobias para executar a sua comissão. O que sei é que antes de começar o 2.º ato já eu havia feito o sinal, e então comecei a pôr em ação toda a mímica amantética que me lembrou: o namoro estava entabulado; embora a moça não correspondesse aos sinais do meu telégrafo, concedendo-me apenas amiudados e curiosos olhares, isso era já muito para quem a via pela primeira vez.

“Finalmente, Sr. Augusto dos meus pecados, o negócio adiantou-se, e hoje, tarde me arrependo e não sei como me livre de semelhante entaladela, pois o Tobias não me sai da porta. Já não tenho tempo de exercer o meu classismo; há três meses que não como empadas e, apesar de minhas economias, ando sempre com as algibeiras a tocar matinas. Para maior martírio a minha querida é a Sra. D. Joana, prima de Filipe.

“Para compreenderes bem o quanto sofro, aqui te escrevo alguma das principais exigências da minha amada romântica.

“1.º Devo passar por defronte de sua casa duas vezes de manhã e duas de tarde. Aqui vês bem, principia a minha vergonha, pois não há pela vizinhança gordurento caixeirinho que se não ria nas minhas barbas quatro vezes por dia.

“2.º Devo escrever-lhe, pelo menos, quatro cartas por semana, em papel bordado, de custo de 400rs. a folha. Ora, isto é detestável, porque eu não sei onde vá buscar mais cruzados para comprar papel, nem mais asneiras para lhe escrever.

“3.º Devo tratá-la por “minha linda prima” e ela a mim por “querido primo”. Daqui concluo que a Sra. D. Joana leu o Faublas. Boa recomendação!...

“4.º Devo ir ao teatro sempre que ela for, o que sucede quatro vezes no mês, o mesmo a respeito de bailes. Esta despesa arrasa-me a mesada terrivelmente.

“5.º Ao teatro e bailes devo levar no pescoço um lenço ou manta da cor da fita que ela porá em seu vestido ou no cabelo, o que, com antecedência, me é participado. Isto é um despotismo detestável!...

“Finalmente, ela quer governar os meus cabelos, as minhas barbas, e cor dos meus lenços, a minha casaca, a minha bengala, os botins que calço, e, por último, ordenou-me que não fumasse charutos de Havana nem de Manilha, porque era isto falta de patriotismo.

“Para bem rematar o quadro das desgraças que me sobrevieram com a tal paixão romântica que me aconselhaste, D. Joana, dir-te-ei, mostra  amar-me com extremo, e no  meio de seus caprichos de menina dá-me provas do mais constante e desvelado amor; mas que importa isso, se eu não posso pagar-lhe com gratidão?... Vocês, com seu romantismo a que me não posso acomodar, a chamariam “pálida”. Eu, que sou clássico em corpo e alma e que, portanto, dou às coisas o seu verdadeiro nome, a chamarei sempre “amarela”.

“Malditos românticos, que têm crismado tudo e trocado em seu crismar os nomes que melhor exprimem as ideias”!... O que outrora se chamava em bom português, moça feia, os reformadores dizem: menina simpática!... O que numa moça era, antigamente, desenxabimento, hoje é ao contrário: sublime languidez!... Já não há mais meninas importunas e vaidosas... As que o foram chamam-se agora espirituosas!... A escola dos românticos reformou tudo isso, em consideração ao belo sexo.

“E eu, apesar dos tratos que dou à minha imaginação, não posso deixar de convencer-me que a minha “linda prima” é, aqui para nós, amarela e feia como uma convalescente de febres perniciosas.

“O que, porém, se torna sobretudo insofrível é o despotismo que exerce sobre mim o brejeiro do Tobias...

“Entende que todos os dias lhe devo dar dinheiro e persegue-me de maneira tal que, para ver-me livre dele, escorrego-lhe, cum quibus, a despeito da minha má vontade.

“O Tobias está no caso de muitos que, grandes e excelentes parladores, são péssimos financeiros na prática. Como eles fazem ao país, faz Tobias comigo, que sempre depois de longo discurso me apresenta um déficit e pede-me um crédito suplementar.

“Eis aqui, meu Augusto, o lamentável estado em que me acho. Lembra-te que foram os teus conselhos que me obrigaram a experimentar uma paixão romântica; portanto, não só por amizade, como por dever, conto que me ajudarás no que te vou propor.

“Eu preciso de um pretexto mais ou menos razoável para descartar-me da tal “pálida”.

“Ela vai passar conosco dois dias na ilha de... Aí podemos levar a efeito, e com facilidade, o meu plano: ele é de simples compreensão e de fácil execução.

“Tu deverás requestar, principalmente, à minha vista, a tal minha querida. Ainda que ela não te corresponda, persegue-a. Não te custará muito isso, pois que é o teu costume. Nisto se limita o teu trabalho, e começará então o meu, que é mais importante.

“Ver-me-ás enfadado, talvez que te trate com rispidez e que te dirija alguma graça pesada, não farás caso e continuarás com a requesta para diante.

“Eu então irei às nuvens... Desesperado, ciumento e delirante, aproveitarei o primeiro instante em que estiver a sós com D. Joaninha, farei um discurso forte e eloquente contra a inconstância e volubilidade das mulheres. E no meio de meus transportes dou-me por despeitado de meus amores com ela e, pulando fora da tal paixão romântica, correrei a apertar-te contra meu peito, como teu amigo e colega de coração - Fabrício.”

- E esta!... exclamou Augusto, depondo a carta sobre a mesa e sorvendo uma boa pitada de rapé de Lisboa. E esta!...

Acabando de sorver a pitada, o nosso estudante desatou a rir como um doido. Rir-se-ia a noite inteira, talvez, se não fosse interrompido pelo Rafael, que o vinha chamar para tomar chá.

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